“Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra... Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos” (Salmo 119:67,71).
Uma reportagem publicada recentemente no Globo.com acerca de uma criança de três anos chamada Josh Hodgkiss mexeu comigo. Eis a matéria:
Uma queda ali, um arranhão aqui. Machucados fazem parte da rotina das crianças e os pais – não tem jeito – tem que se acostumar com isso. Mas para os ingleses Mark e Stephanie Hodgkiss, a situação é bem mais complicada. Eles são pais de Josh Hodgkiss, três anos, que sofre de uma doença rara que o impede de sentir dor e, por isso, ele se fere muito mais do que a maioria das crianças. Josh já cortou a língua ao meio com uma mordida, socou seu próprio olho e já arrancou a unha do dedão do pé com pregos. O garoto sofre de uma desordem genética rara chamada de síndrome de smith-magenis, que atinge 1 a cada 25 mil crianças. Além de não sentir dor, Josh não tem noção de perigo e dorme quando todos estão acordados e desperta quando as pessoas dormem, devido a uma inversão nos hormônios. Seus pais Mark e Stephanie tiveram que adaptar a casa para garantir a segurança do filho. Instalaram luzes sensoriais e criaram um espaço todo acolchoado para impedir que ele se machuque. “Dia desses, Josh saiu do banheiro e vi que tudo estava sujo de sangue. Ele tinha cortado a sua língua ao meio, mas não percebeu e foi assistir à televisão”, contou a mãe Stephanie ao jornal britânico Daily Mail. Apesar da doença, Josh frequenta uma escola especial e vai muito bem. Os médicos esperam encontrar um tratamento para amenizar os sintomas e permitir que o garoto leve uma vida mais normal.[1]
Josh não sente dor. É terrível para os pais de Josh saberem que seu filho não sente dor. Para alguns pais o filho sentir dor é um pesadelo, para os pais de Josh aguardar o filho sentir dor um dia é um sonho. Por incrível que pareça, a dor para os pais de Josh é uma bênção. Mas a dor não se constitui bênção apenas para Josh e seus pais. A dor é um mecanismo de defesa. A dor faz crescer. A dor molda caráter. Nas palavras de Philip Yancey e Paul Brand a dor é uma “dádiva”[2]. Para Josh uma vida normal significa sentir dor. Perguntem aos pais de Josh e eles lhe dirão que a vida sem dor não é normal. Tudo que eles esperam é que um dia seu filho sinta dor.
O salmista também entendeu assim quando disse: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra... Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos”.
Oração: Querido Deus, ajuda-me a enxergar benefícios no sofrimento, por mais absurdo que isso possa parecer.
Pr. Manoel Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários