terça-feira, 25 de outubro de 2011

O IMPERATIVO COMO EVIDÊNCIA DO INDICATIVO

“Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra” (Colossenses 3:5).

O modo verbal Indicativo exprime atitude de certeza. Já o modo verbal Imperativo exprime atitude de vontade, isto é, ordem, convite, conselho, suplica, pedido. O apóstolo Paulo tinha acabado de dizer aos Colossenses: “porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Então, lhes é dito, “mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra”. Nesse caso, há um indicativo e depois um imperativo. Nós não somos ordenados a mortificar nossos desejos pecaminosos para nos tornarmos mortos, mas porque já estamos mortos. Ser não é o resultado de fazer, mas fazer é o resultado de ser.
Mais adiante Paulo adiciona essas palavras aos Colossenses: “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Colossenses 3:9). De novo é possível ver o imperativo como evidência do indicativo.  O imperativo para parar de mentir só é possível porque já há um indicativo. Mentir faz parte da roupagem do velho homem, mas agora temos uma nova roupagem que indica uma outra condição.
Neste início de século XXI, mais que qualquer outro momento histórico, faz-se necessário uma relação orgânica e fecunda entre a espiritualidade, a razão e a práxis religiosa. Vivemos num tempo de vertiginosas transformações técnicas, científicas, culturais e sociais. A transformação que o Espírito de Deus proporciona, porém, é de outra ordem, mas acontece no meio do mundo, entre as pessoas, nas comunidades e nas igrejas. É o Espírito de Deus, presente no mundo, em meio às pequenas e grandes mudanças, que nos inspira e nos orienta para caminharmos em fé, esperança e amor. Esse tripé que pode transformar o mundo é o resultado de quem já foi alcançado pela graça de Deus. É um indicativo. O foco não são os imperativos da vida cristã, mas o indicativo. Por que somos, podemos então cumprir os imperativos. Na vida cristã, imperativos dissociados do indicativo não tem valor.
A ética paulina no que se refere à vida cristã aparece no que podemos denominar de pólos “Indicativo e Imperativo”. O “Indicativo” se dá em dois momentos-chave: o primeiro é o evento da vinda de Cristo e o segundo é o começo da salvação. Dois momentos em que Deus salva, santifica e possibilita viver a vida cristã.
Já o “Imperativo” enfatiza a responsabilidade humana perante tudo o que Deus deu à humanidade, ou seja, o que Cristo fez é base para tudo o que o cristão deve fazer. O Indicativo nos possibilita viver num contexto social, num mundo pagão hostil, no meio de desavenças mesmo dentro da comunidade cristã, e também em pontos precisos tais como: ética sexual, casamento, nas relações sociais, dentre outros. Mas, sem dúvida, a ética e os imperativos dos escritos paulinos vão muito além disto. Contudo o Espírito Santo, como agente moral sobre os convertidos capacita-os a viverem todos os imperativos da vida cristã.

ORAÇÃO: Querido Deus livra-me da inclinação de querer cumprir ordenanças sem experimentar uma transformação interior. Senhor, bem sei que cumprir imperativos sem ser é, no mínimo, hipocrisia.

Pr. Manoel Neto


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