quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Provérbios 22:6

      Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. Provérbios 22:6

     Todos os pais acreditam ser a sua prole o suprassumo da humanidade. São os  mais bonitos do mundo, inteligentes demais para idade, talentosos com a bola. É normal, chama-se corujice, e lá no começo da humanidade deve ter sido importante para proteger os filhos e garantir a existência da espécie.
            Até aí tudo bem. Até é fofo ver os pais babarem por seus filhos enaltecerem as qualidades deles, como já declinam verbos de maneira correta. Mas tenho a impressão que isso vem passando dos limites do razoável. Já tinha me chocado com um programa sobre concursos infantis que passa em um canal de TV a cabo. As meninas se vestem, desfilam, respondem a perguntas como se fossem verdadeiras mulheres, candidatas a miss universo em potencial. Tem até concurso de talentos.
      Desde o primeiro instante aquilo me chocou. Achei bizarro como mães e pais projetam nos seus filhos sonhos que povoaram as suas mentes quando eram jovens. A criança, parece, passa a ter o mesmo sonho dos pais, procura corresponder às expectativas nela depositada.
      A cada episódio, chororôs e acusações de manipulação de resultados. Frustrações, muitas frustrações. A esta altura já não se sabe mais quem é a pessoa mais triste, a mãe — ao tomar contato com a realidade de que algumas pessoas (tolas, claro) não acham a filha dela a mais bonita, talentosa, simpática e inteligente de todo o mundo — ou a criança, que de tanto elogio parental, passou a acreditar nas mesmas coisas que a mãe.
      Até aqui tudo bem, diria um filme. Mas, segundo a velha e pétrea Lei de Murphy, nada é tão ruim que não possa piorar.
      Ao depositarem seus sonhos e desejos nas costas dos filhos, os adultizam precocemente. Acham, por exemplo, normal seios postiços em crianças de quatro anos. Querem as transformar em verdadeiras mulheres de 4 anos de idade. Ou, ainda, pôr botox na belezura de 8 anos de idade e dar cirurgias plásticas de presente para adolescentes.
      Não se questionam padrões, se submetem a eles. Não se questionam padrões, submetem a eles suas lindas filhas. Temos, assim, toda uma geração de crianças hipersexualizadas (correspondendo aos desejos dos pais) e extremamente frustradas por não conseguirem correspndê-los. Jogadas desde cedo num mundo brutal, corrupito e hipercompetitivo, o que serão delas? O que, de fato, estamos criando?

Site Yahoo Por Walter Hupsel
Título original: Crianças hipersexualizadas

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